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sábado, 21 de fevereiro de 2015

#filmes: Whiplash ou nada de novo a não ser J.K.Simmons

whiplash

Já vi isto antes. mas que se lixe:  J.K. Simmons é brutal em Whiplash. Estou a usar linguagem adolescente dos anos noventa, década em que fui de facto adolescente, por isso quando o digo é mesmo de forma... brutalmente sentida, mas mesmo assim fica tudo muito aquém do que é possível dizer para uma interpretação que vale o filme todinho, do príncipio ao fim. Quando digo que já vimos antes, estou a referir-me a filmes que vivem de um só personagem - Tom Hanks foi perito nisso desde 'Forest Gump' - até aqueles que se focam no conflito entre duas personagens - um geralmente é o vampiro emocional ou o provocador e exigente chefe ou professor que depois até se revela fixe e o outro o jovem a fazer o caminho de autodescoberta blá blá blá, como no caso de 'O Clube dos Poetas Mortos' ou de 'Nascido para Matar',  sendo que o resultado é sempre o rapaz acabar por saber quem é, cumprir o seu caminho, superar limites and so on. Nada de novo aqui, com Whiplash, mas feito de forma escorreita pelo jovem estreante realizador de 30 anos, Damien Chazelle.

Whiplash  transfere o 'confronto' para o universo do jazz, mais concretamente de um jovem aspirante a baterista (Miles Teller) e o seu professor, um violento, psicótico, audaz, drenante  J.K. Simmons (o facto de ter sido nomeado para melhor actor secundário e não para principal por esta prestação no caso dos Óscares só se justifica porque a Academia não percebe mesmo nada de cinema e andou a prová-lo estes anos todos). O suor do jovem (passa o tempo todo a suar neste filme) não é nada comparado com a interpretação visceral de Simmons no papel do professor Terence Fletcher, que na ânsia de alcançar a perfeição, é capaz de ultrapassar todos os limites para retirar a melhor prestação dos seus alunos, mesmo que, pelo caminho, alguns fiquem mesmo a bater mal da cabeça. Mas para Simmons, um valor mais alto se alevanta face ao amor pelo jazz e nada o trava na demanda.  
Podemos de facto já ter visto isto antes, com outras roupagens, mas não tínhamos visto nunca Simmons a transcender-se enquanto actor e a conseguir redimir-se de todas as maldades na cena final, sem que haja um pingo de moralismo. Simmons é mesmo mau e no mau é mesmo muito, muito bom.

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